terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Critica do filme Ninfomaníaca


PRAZER?


O que dizer de um dos cineastas mais provocantes do cinema atual? Não sei afirmar, mas “Ninfomaníaca” é daqueles filmes que entra na sua cabeça, brinca com seus sentidos e ainda deixa com gostinho de quero mais. Ainda que dividido em duas partes o longa mostra como a busca pela satisfação individual pode acarretar consequenciais impactantes tanto pessoais quanto coletivas.

A dificuldade para analisar um filme que está incompleto é significativo sendo agravado pela censura que a obra passou pelos produtores “tirando o excesso de pornografia”, apenas restando para o espectador esperar pela segunda parte que completará e que dará sentido para o longa de Lars Von Trier. O filme conta a história de Joe (Charlotte Gainsbourg) uma mulher de 50 anos que decide contar a um homem mais velho (Stellan Skarsgard) sua história pessoal. Ela relata suas experiências ao longo de oito períodos da sua vida, marcados por diversos encontros e incidentes.

Ao se observar os detalhes cinematográficos da obra, visualizamos um dos pontos fortes do filme, o elemento cênico. Encabeçado pela exuberante e, sobretudo talentosa Stancy Martin que interpreta Joe em sua fase mais jovem, a atriz consegue passar com maestria o paradoxo que a personagem se insere, cercada de vários parceiros sexuais com diferentes personalidades e fenótipos que apenas aumenta seu vazio existencial aumentado pelo seu vício sexual. Destaque-se também as atuações de Shia LaBeouf que faz com propriedade o papel de Jêrame e a química cênica encontrada entre os atores Charlotte Gainsbourg (Joe mais velha) e Stellan Skarsgård (Seligman) no relato da história da personagem principal. Uma Thurman que vive a Sra. H no capítulo totalmente dedicado a sua personagem, percebe-se a beleza trágica e ao mesmo tempo cômica que a cena necessita e que Uma Thurman nos presenteia com uma atuação concisa e bela, proporcionando ao espectador sorrisos exacerbados misturados ao desconforto que lhe é aplicado.

O roteiro é um aspecto interessante nos filmes de Lars Von Trier. Nesta obra ele continua com estrutura narrativa aplicada em outros grandes longas do diretor como “Dogville” e “Anticristo”. Dividindo-o em oito capítulos (no primeiro volume é mostrado cinco partes desse diário fílmico) onde mostra o inicio dos desejos e aventuras sexuais e o amadurecimento do vício de Joe, intercalando-se sempre com algum signo ou aspecto do personagem Seligman, principalmente a polifonia apresentada por Joe no quinto capitulo. Os aspectos técnicos do filme muito fogem da ideologia do Dogma 95 tornando o filme mais digestivo comercialmente que pouco lhe escapa na concepção narrativa.

A direção sofisticada de Lars Von Trier que confronta o espectador a partir de elementos eruditos e populares como na trilha sonora do rock industrial da banda alemã Rammstein's e sua menção por Back, na sua fotografia preta e branca no quarto capitulo contrastando com as cenas de sexo que se ocorrem e por mostrar mesmo que censurada as relações sexuais explicitas.


Digo o filme de Lars Von Trier não é para voyeuristas que procuram pornografia ou erotismo. É um sexo pouco prazeroso, por vezes constrangedor e sobre tudo provocante. As facetas pela busca do prazer na sociedade contemporânea são simplificadas nesta primeira, mas incompleta parte do filme e pelo que foi mostrado nos créditos finais mais desconforto veem por ai.


NOTA: 8,0


FICHA TÉCNICA

Nome Original: Nymphomainaca: Volume 1
Direção: Lars Von Trier
Roteiro: Lars Von Trier
Gênero: Drama/erótico
Origem: Dinamarca
Duração 122 minutos
Ano: 2013

Trailer Legendado



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