terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Dogville - Crítica de Filmes



O Feio Como Belo


Lars Von Trier é um cineasta contra a corrente que está inserida o cinema atual. Criador de filmes belíssimos como Dançando no Escuro e Ondas do Destino seus temas refletem as ações humanas que elucidam o ser humano a podridão dos seus atos. Um dos fundadores do Manifesto Dogma 95 junto com Thomas Vinterberg no qual um conjunto de regras determina a criação dum filme como o não emprego de cenários, utilização de som natural, câmera na mão sem qualquer tipo de suporte entre outras características que já neste filme não continha. Obra aclamada pela crítica mundial e considerada por muitos uns dos melhores filmes do século atual.

Dogville foi uma homenagem irônica aos E.U.A sendo a obra o primeiro longa duma trilogia de três filmes (Manderlay e Washington que ainda não foi produzido). Realizado em 2003 é estrelado por Nicole Kidman que faz o papel de Grace e Paul Betanny que interpreta o filósofo Tom fazendo parte da primeira trilogia “E.U.A. Terra das Oportunidades.

Ao começar o filme os espectadores que se acostumaram com filmes estadunidenses comerciais surpreendem-se com a obra cinematográfica de Lars Von Trier principalmente na falta de cenário onde as casas são demarcadas com riscos no chão e no mesmo contém poucos artefatos na cidade de Dogville. As mudanças de cores representam noite (quando escurece) ou dia (quando set está em branco) além de referências ao manifesto Dogma 95 como a ausência de trilha sonora, câmera na mão (feita pelo próprio Lars Von Trier) e cortes simples e não convencionais.

As atuações são maravilhosas ilustrando para o espectador aulas de interpretação desde as crianças mimadas pelos pais passando por Paul Betanny (Tom), o filosofo e pensador da cidade até perpassar a perfeição com Nicole Kidman vivendo a submissa Grace. 

O filme só por estes aspectos já encanta o espectador com olhar mais apurado, mas o conteúdo arrebatador do filme torna as emoções bastante viscerais.  Lars Von Trier dividiu o filme em 1 prólogo, 9 capítulos e 1 epilogo com uma narração debochada e inteligente de John Hurt o espectador insere-se por completo no próprio filme. A obra interpela o olhar voyeurista sobre o ser humano e seus atos cruéis com a sua própria espécie. Tom, o filosofo da cidade utiliza Grace para uma experiência na cidade em troca ela terá que fazer pequenos afazeres que os habitantes não tinham necessidade precisam; com o tempo o povo de Dogville começa a simpatizar pela presença doce de Grace sempre atenciosa, inteligente e altruísta até aparecer a policia e afirmar sua periculosidade. A partir desse momento o inferno de Grace, a partir de ações opressas com a mesma.

O Roteiro minuciosamente tramado é visto ver a dimensão cruel do ser humano a partir da inveja, da ingratidão com seu próximo, da hipocrisia e como ele é transporto nos olhos do espectador sendo assim ele se enxerga nos personagens.  E tudo esse aspectos se refletem a cada humilhação sofrida por Grace que nos faz refletir como permanece o ser humano, nos diversos abusos sexuais sofridos por Grace e como é colocado o sentimento de incapacidade muito pela falta de indignação espelhada na falta do cenário, implantado para ilustrar que os habitantes da cidade de Dogville sabiam dos abusos, mas nada faziam a respeito; a cada hipocrisia de Tom com Grace é estarrecido no espectador com a impotência e frieza que nos nutre e com a submissão de Grace o mesmo é  confrontado. Consequentemente tudo vai  se intensificando até estrelar com um final  surpreendente e genial, trazendo reflexão e clareza .


Lars Von Trier não só criticou os E.U.A., mas o ser humano por completo. Confrontando- o com a possibilidade das práticas invejosas, ingratas, hipócritas, maldosas, arrogantes perante o seu nosso próximo vejamos o exemplo do nazismo na Alemanha. Quem não assistiu o filme prepare-se, pois talvez queira assistir mais.

NOTA 10,00

FICHA TÉCNICA
Titulo Original: Dogville
Direção: Lars Von Trier
Roteiro: Lars Von Trier
Ano:2003
Duração 171 min
Gênero: Drama

Trailer do filme (inglês)



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